
A crise mundial causada pela expansão do Covid-19 tem reafirmado premissas tão velhas quanto o pavor que as pessoas sentem da palavra morte. A mais importante, a meu ver, é a de que nem todo humanista pode ser considerado puro ou benevolente.
As redes sociais comprovam a eficácia desta premissa. Qualquer um que pretenda defender o aspecto econômico da crise, suas derivações e implicações futuras, automaticamente, passa a ser visto como uma alma cruel, egoísta, dotada de grande ambição.
E são justamente os humanistas que financiam a existência deste tribunal do ressentimento.
A discussão sobre qual tipo de isolamento social deve ser implementado, por exemplo, estimula a ira dos humanistas e condenações em praça pública são veladas. Ou: a guilhotina a serviço dos solidários de araque. Cuidem-se. Eles estão por toda parte. Eles não admitem a dupla problemática (saúde e economia) desta crise.
É legítima como a temática sanitária impõe-se e não poderia ser diferente. Ou: prioridade é não esgotar esforços para salvar vidas, permitir que pessoas tenham futuro.
O problema é que esse futuro está atrelado também ao jogo econômico. E qualquer hipótese que aponte para uma depressão econômica pode ser tão destrutiva quanto o alcance desta pandemia.
Para nós, brasileiros, uma longa paralisação de toda a engrenagem do setor produtivo pode ser a abertura para uma dilatada convulsão social.
Empregos serão escassos — e assim por muitos anos. Empresas de diferentes segmentos irão experimentar o gosto amargo da falência. Em cenário de terra arrasada, todos são penalizados.
Humanistas ressentidos só querem mesmo é referendar sua agenda política em nome do suposto bem-estar social. Trata-se, pois, da tão surrada pose da escola progressista. Aos corajosos que alçam suas vozes diante da gritaria insana da turba, bem, replico-lhes meu sentimento de apoio. Nosso futuro está em jogo.